1ª usina híbrida em grande escala está operando no Paraná


Transformar problema em solução, danos em benefícios, preocupações em evolução. É o que a EnerDinBo, proprietária da 1ª usina híbrida de biogás e energia fotovoltaica em grande escala do país, já está possibilitando: uma transformação ambiental, social e econômica que vai permitir mais desenvolvimento para a região Oeste do Paraná. Depois de anos de planejamento e organização, a usina está prestes a ser inaugurada na cidade de Ouro Verde do Oeste, mas antes mesmo da inauguração, já está operando.

O sistema híbrido foi pensado para aproveitar todo o potencial da usina. “Isso garante uma perenidade muito maior porque durante o dia conseguimos usar as placas solares para gerar energia elétrica, enquanto isso armazenamos o biogás e podemos utilizá-lo a noite quando não tem sol”, explica Thiago González, diretor técnico da EnerDinBo, acrescentando que a usina fotovoltaica possui potência instalada de 500 quilowatts/hora.


Mas o principal benefício está na solução dada para um gritante passivo ambiental da região: a falta de tratamento adequado para os dejetos dos suínos. O Oeste do Paraná é conhecido por sua forte atuação na suinocultura. De acordo com a Assuinoeste, Associação Regional de Suinocultores do Oeste, existem mais de 16 mil propriedades rurais voltadas para essa atividade na região. Isso traz crescimento econômico, mas também gera preocupações, afinal, os dejetos dos animais podem ser contaminantes se não forem tratados adequadamente. 


É aí que a nova usina desempenha sua maior função. “Vamos até a propriedade e coletamos os dejetos dos suínos sem custo, trazemos para a usina e fazemos uma separação da fração líquida e da fração sólida e garantimos a retirada dos dejetos, que são inerentes à atividade de suinocultura. Depois, os resíduos entram nos chamados biodigestores que são ambientes sem a presença de oxigênio e ali o material passa por quatro fases até chegar ao produto final: biogás com 65% a 70% de metano, 25% a 30% de gás carbônico e demais gases como oxigênio e nitrogênio. O que a gente almeja é essa concentração maior de metano, que potencializa a geração da energia elétrica”, explica Thiago.

E como vai para a rede elétrica?

Tanto a luz do sol quanto o biogás produzem energia que é injetada na rede de distribuição da Copel, Companhia Paranaense de Energia, e distribuída para usuários de todo estado que têm alto consumo energético. Só os dejetos de suínos são capazes de gerar hoje 1 megawatt/hora, o que é suficiente para abastecer cerca de 2.500 residências. A intenção é ampliar a produção para 2,5 megawatt/hora, para alcançar até 6 mil residências. 


“Criamos a Energia das Américas (EDA), por onde fazemos a distribuição dessa energia para os cooperados. Estamos atendendo agora prioritariamente CNPJ’s com contas que têm mais de R$ 1.000,00 de custo mensal com energia”, detalha o diretor técnico.


Além da energia


O produto final é a possibilidade de ligar as luzes e aparelhos em casa ou no comércio sem precisar desembolsar valores exorbitantes no fim do mês e ainda consumindo uma energia limpa! Mas as vantagens que esse processo envolve vão além: mexem com a qualidade de vida da população e com o crescimento regional. 


“Esses dejetos quando não tratados vão para o solo e chegam ao lençol freático poluindo a água. Além disso, com esse processo correto, a gente elimina vetores, moscas, qualquer bicho que possa estar vinculado aos dejetos, além de possíveis patógenos. Fora a diminuição do odor forte, motivo de reclamação constante. Por darmos condição de tratamento desses dejetos, também possibilitamos que os suinocultores ampliem a área destinada à atividade, gerando maior renda e desenvolvimento para a região”, finaliza Thiago, informando que o sistema já tem hoje 40 suinocultores cadastrados e que a equipe trabalha para ampliar o raio de atuação da usina.